1. O futuro do Exército após o caso da Providência - A decisão da Justiça Eleitoral de embargar as obras no Morro da Providência, no Rio de Janeiro, deixou claro que havia, sim, caráter eleitoreiro no projeto Cimento Social, capitalizado pelo senador Marcelo Crivella (PRB-RJ). Sem a obra, o Exército não teve alternativa a não ser deixar o morro. A discussão agora é saber se os militares não serão mais utilizados em situações de garantia da ordem pública após o desastroso episódio. Para o colunista do Globo (para assinantes) Merval Pereira, o desgaste causado na Providência não pode impedir que o Exército ajude a cuidar da segurança no Rio – segundo ele, uma presença "imprescindível" diante da falência das polícias cariocas.
2. Caso Alstom: suposto pivô do esquema diz ter sido usado - A Folha (para assinantes) procurou o até então misterioso Claudio Mendes, apontado por promotores suíços como o suposto elo entre executivos da francesa Alstom e o governo de São Paulo para a negociação de propinas em contratos no setor elétrico. Mendes, sociólogo e ligado ao ex-governador Orestes Quércia (PMDB), tinha trânsito livre na Eletropaulo até na gestão de Geraldo Alckmin, mas garante que não tinha poder para ser a ponta de um esquema de "corsários internacionais". E, tal qual Lula fez com a operação da PF, desdenhou do trabalho da promotoria suíça, dizendo que não pode ser acusado "por um bilhetinho", referindo-se a memorandos da Alstom em que seu nome é citado.
3. O legado de Ruth Cardoso - Deixando as questões partidárias de lado (obviamente, Ruth Cardoso tinha uma ligação intrínseca com o PSDB), não se pode negar que a ex-primeira dama, que morreu ontem aos 77 anos, não será lembrada apenas por ter acompanhado o marido em eventos públicos. Ruth foi uma antropóloga respeitada, que chamou a atenção de seus colegas para o surgimento de diversos movimentos sociais ainda nos anos 70, quando a academia não os dava muita relevância. Criadora do projeto Comunidade Solidária, ela trilhou um caminho próprio, tentando se afastar, na medida do possível, de tensões políticas. O repórter do Estadão Carlos Marchi faz um bom histórico da vida acadêmica de Ruth.
4. Lula e a lógica de minimizar denúncias de irregularidades - Não é a primeira vez que o presidente Lula faz isso. O problema é a constância com que ele minimiza ações que revelam irregularidades em seu governo. Desta vez o alvo foi uma operação da Polícia Federal que detectou indícios de desvio de verba do PAC em 119 prefeituras. Para o presidente, como reproduz o Globo, o caso foi vendido "como um surubim (peixe de grande porte)" e era "só um mandi-chorão, daqueles bem pequenininhos". Imagine quantos "mandis-chorões" existem pelo Brasil e que são vistos com desdém por quem deveria repreendê-los. Juntos, formam muito mais que "um surubim".
5. O governo vai controlar presença estrangeira na Amazônia - A decisão do governo de apertar o cerco a proprietários de terra estrangeiros na Amazônia não é novidade. A boa notícia é que, aparentemente, a intenção vai sair do papel. Já está definido um pacote de medidas, como o recadastramento de imóveis rurais pertencentes a estrangeiros e de ONGs internacionais com atuação na região, como informa o Estadão.
6. Caso dos sargentos gays pode ir à ONU - O tratamento dado pelo Exército aos sargentos que revelaram manter uma relação homossexual deve ser levado ao conhecimento do Conselho de Direitos Humanos da ONU e a outras entidades internacionais. É o que diz o Conselho Estadual de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana (Condepe) em São Paulo, segundo o site de ÉPOCA. A intenção do conselho é mostrar que há "uma clara perseguição pessoal e homofóbica" contra os dois, que estão detidos em Brasília. O Condepe teme que a discussão sobre o episódio esfrie por aqui, daí a busca por repercussão internacional.
Economia
7. Mesmo cambaleante, fundo soberano deve sair - Depois de correr sério risco de morrer na praia, o fundo soberano brasileiro deve mesmo ser criado. O projeto de lei, encabeçado pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega, vai ser apresentado nesta quarta-feira ao Conselho Político do governo, como informa o Valor Econômico (para assinantes). Há a possibilidade de parte da receita vir dos impostos sobre a exploração de petróleo na camada de pré-sal, cujas projeções de capacidade produtiva são animadoras. O governo deve reservar cerca de R$ 14 bilhões para o fundo, o que vai obrigar a um contingenciamento de despesas.
Mundo
8. A ditadura do Zimbábue vai acabar? - A BBC Brasil informa que os Estados Unidos não vão reconhecer o resultado das eleições no Zimbábue, marcadas para esta sexta-feira, por conta da violência do governo de Robert Mugabe contra seus opositores – ele é o candidato único. Mas as manifestações de repúdio às atitudes de Mugabe, há 28 anos no poder, vão de fato acabar com a ditadura no Zimbábue? Nenhuma potência parece interessada em se desgastar com uma eventual invasão para apeá-lo do poder, e Mugabe já mostrou que desdenha pressões internacionais. O futuro do país africano ainda é sombrio.
9. Trégua entre Israel e Hamas por um fio - Anunciada na semana passada, a trégua entre Israel e o grupo palestino Hamas na Faixa de Gaza está ameaçada. Um ataque do Exército israelense em Nablus matou dois palestinos e o Jihad Islâmico, rival do Hamas, respondeu com mísseis e morteiros lançados ao território israelense. O Hamas garante que vai continuar cumprindo o acordo, como informa o Financial Times, mas será muito difícil manter uma situação de paz sem chegar a um acordo com outros grupos radicais.
10. A trapalhada do assessor de McCain - As eleições americanas têm se destacado pelas declarações desastradas dos assessores de campanha, tanto dos democratas quanto dos republicanos. Desta vez foi um assessor do republicano John McCain. Ele afirmou que um ataque terrorista aos EUA "poderia trazer vantagens a McCain" numa disputa com Barack Obama. Depois de ser repreendido pelo chefe, se desculpou da bobagem. Mas Obama já aproveitou o deslize, como diz o The Fix, blog político do jornal The Washington Post. Sua campanha organiza hoje uma palestra com um membro da comissão de investigação do 11 de setembro, na qual será reforçada a posição de que a invasão do Iraque foi um convite para novos atentados terroristas dentro dos EUA.