terça-feira, 16 de novembro de 2010

“Fé em Deus e pé na tábua”

O livro “Fé em Deus e pé na tábua” do Roberto Da Matta aborda o tãnsito caótico do nosso país tão esculhambado quando o assunto é civilidade. Somos ainda um povo novo, más que já podería ter um pouco mais de educação social, não fossem as mazelas que infestam a classe política, que segundo o Ten/Cel Nascimento do Tropa de Elite2, "aqui tem uns 06 deputados honestos o resto é tudo picareta", mais ou menos isso.

Gastam muito ou quaze todo o tempo com discussões sobre assuntos irrelevantes para a sociedade, usam o tempo para ministrarem aulas de como se livrar da lei em caso de ser pego com a boca na butija, digo com o roubo na mão.

A questão é que somos um povo ainda saindo da condição de terceiro mundo para outro "mundo" melhor. A sociedade que reclama de tudo e "ela" mesma é quem faz as coisas erradas, vai ter que mudar e isso será aos poucos, sendo aceitando as regras de civilidade, respeito mútuo, etc. Quem ainda não xingou um policial de transito ou tentou intimidá-lo com o parentesco com um político ou outra autoridade? Quem não invade um semáforo achando a coisa mais natural do mundo? E estacionar na calçada, ou em fila dupla, e o mais comum fazer de conta que pedestre não é gente.

Os motociclistas também fazem isso, desrespeitam tudo, tudo, mesmo. E estão pagando caro por tanta desobediência. Em Feira de Santana as mortes de condutores e passageiros de motos já não "incomodam" as autoridades. Nada fazem, nada vêem e a coisa rola solta. O Hospital Clériston Andrade anda saturado com dezenas de pessoas todos os dias sendo atendidas e a maioria é de motociclistas, mesmo a tv, os rádios, jornais etc mostrando isso todo dia, não diminui a quantidade de absurdos cometidos sobre e com essse tipo de veículo. Vale salientar que a maioria não tem CNH.

Quando a sociedade cansar de ver essa barbárie de 100 mortes, em média, por dia só nas rodovias estaduais e federais sem entrar aí as zonas urbanas, quando essa sociedade cansar de ver seus filhos sendo dizimados comos animais em campo de caça, quando essa sociedade cançar de ver os cemitérios virarem um comércio lucrativo, as funerárias sendo tratados como mina de ouro, os hospitais atendendo mais feridos no trãnsito do que em outros atendimentos, então, repito essa sociedade exigirá a FICHA LIMPA no registro da candidatura a cargo eletivo e assim que a MAIORIA dos políticos for honesta aí serão tomadas providências para deixar em um patamar aceitável, a estatítica do trãnsito.

Agora que ninguém se engane achando que eles, os políticos tirarão a solução para nosso trãnsito, da cartola do mágico... não e não, não será uma tarefa fácil, más a mais rápida e com maior poder de resposta será aumentar o efetivo de policiais de trãnsito, com novos concursos, lógico, e aumentando em 10 vezes o valor das multas. Não adianta algum estudioso de fim de semana dizer que isso é fábrica de multas, pois enquanto houver pensamento tão idiota a barbárie continuará.

Li essa semana que em um site, que não recordo agora qual: "A educação dos motoristas de uma cidade se mede pela quantidade de quebra-molas que existe nela". Em outro: "o atraso da população do município é medido pelo número de quebra molas na cidade". Se é assim Feira de Santana é uma cidade com pouca educação.

“Fé em Deus e pé na tábua”



A Editora Rocco lançou no final de semana, o livro Fé em Deus e pé na tábua – ou como e por que o trânsito enlouquece no Brasil, do antropólogo Roberto Da Matta, com João Gualberto Moreira Vasconcelos e Ricardo Pandolfi.

No mês passado, Da Matta deu uma entrevista à revista Trip em que falou da obra:

“O que você descobriu sobre o comportamento dos brasileiros estudando nossos motoristas?

Que nosso comportamento terrível no trânsito é resultado da incapacidade de sermos uma sociedade igualitária; de instituirmos a igualdade como um guia para a nossa conduta. Nosso trânsito reproduz valores de uma sociedade que ser quer republicana e moderna, mas ainda está atrelada a um passado aristocrático, em que alguns podiam mais do que muitos, como ocorre até hoje. Em casa, nós somos ensinados que somos únicos, especiais. Aprendemos que nossas vontades sempre podem ser atendidas. É o espaço do acolhimento, do tudo é possível por meio da mamãe. Daí a pessoa chega na rua e não consegue entender aquele espaço onde todos são juridicamente iguais. Ir para a rua, no Brasil, ainda é um ato dramático, porque significa abandonar a teia de laços sociais onde todos se conhecem e ir para um espaço onde ninguém é de ninguém. E o trânsito é o lado mais negativo desse mundo da rua. É doentio, desumano e vergonhoso notar que 40 mil pessoas morrem por ano no trânsito de um país que se acredita cordial, hospitaleiro e carnavalesco. No Brasil, você se sente superior ao pedestre porque tem um carro. Ou superior a outro motorista porque tem um carro mais moderno ou mais caro. Na pesquisa com motoristas de Vitória (ES), a maioria dizia: “Eu bebi, eu sei beber e consigo dirigir assim”. E se o outro tiver bebido a mesma coisa? “Ai não, né?” O bêbado, o barbeiro, é sempre o outro. O motorista não consegue entender que ele não é diferente do outro motorista ou pedestre, que ele não tem um salvo-conduto para transgredir as leis. No Brasil, obedecer à lei é visto como uma babaquice, um sintoma de inferioridade. Isso é herança de uma sociedade aristocrática e patrimonialista, em que não houve investimento sério no transporte coletivo e ainda impera o “Você sabe com quem está falando?” ”

Todo brasileiro – motorista ou pedestre – deveria ler esse livro.