Salvador e região metropolitana (RMS) deixaram a desagradável liderança no ranking de desemprego do Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (Dieese). Segundo a Pesquisa de Emprego e Desemprego (PED) de julho, divulgada ontem, a capital baiana saiu da primeira para a segunda posição, com 20,4% de desempregados; 0,2 ponto percentual a menos que em junho e a menor taxa para o mês de julho desde 1997.
O posto de capital do desemprego passou para Recife, que apresentou o índice de 21,26% de desocupados. Apesar do crescimento no número de pessoas empregadas, é preciso ter cautela, diz a economista Vânia Moreira, da Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia (SEI). "Esse é o primeiro mês que isso acontece, então é muito cedo para dizer que é permanente".
Além disso, a economista Ana Margaret Simões, do Dieese, alerta que Recife tem mais o que comemorar do que Salvador: "Eles estão com uma taxa de desemprego maior, mais tiveram mais postos de trabalho. Lá, foram 19 mil vagas em julho, enquanto aqui foram quatro mil. A diferença é que lá houve um crescimento da população economicamente ativa e aqui ficou estável.
A pressão do mercado é que provocou essa elevação da taxa de desemprego de Recife". Ana Margaret esclarece que, apesar de o número de postos de trabalho em Salvador ter sido inferior, apenas mil novas pessoas entraram para o mercado, o que significa que sobraram três mil vagas para ser ocupadas pelos desempregados. Entre as diferentes áreas, o agregado "outros setores", que inclui serviços domésticos e construção civil, fez a diferença.
Essa foi a única área que apresentou desempenho positivo, reduzindo a taxa de desemprego em Salvador. Foram criadas entre junho e julho deste ano dez mil novos postos de trabalho neste grupo, enquanto a indústria perdeu três mil; o comércio, mil; e o setor de serviços, dois mil. "Isso é uma surpresa, porque normalmente serviços têm melhor desempenho.
Este mês, houve um crescimento da construção civil. Mas a redução em serviços não é tão significativa, já que foi uma queda de duas mil vagas, sobrando 881 mil postos", explica Ana Margaret. Outro fator é a formalização do mercado de trabalho.
O setor privado dispensou três mil prestadores de serviço, em compensação contratou quatro mil. O salário também melhorou. O rendimento médio dos assalariados passou de R$ 936 para R$ 1.060.