domingo, 10 de fevereiro de 2008

Pais lotam lojas em busca de material escolar

Um formigueiro humano. Essa era a comparação mais comum para o movimento das livrarias, papelarias e lojas de departamento que vendem material escolar, ontem, por parte dos que se aventuraram a deixar as compras para a véspera do início do ano letivo, por comodidade ou falta de opção.

“Eu tive que esperar o salário sair e o Carnaval atrapalhou tudo”, reclamou Maria José Lyra, que jura ter madrugado na porta do Shopping Iguatemi para pegar as lojas ainda vazias. Uma estratégia que não funcionou muito, pois às 10h30 ela ainda estava em uma fila “quilométrica” nas Lojas Americanas – nas duas baterias de caixas as filas davam três voltas – com um carrinho cheio de cadernos, pacotes de papel ofício, caixas de hidrocor e outros itens das listas das filhas Lívia e Gislaine.

Para dar conta da demanda muitas lojas abrirão neste domingo, mesmo fora dos shopping centers. É o caso das lojas da rede Le Biscuit da Avenida Bonocô e da Paralela, que funcionarão das 9h às 15h. A do Salvador Shopping, segundo a gerente comercial Manuela Falcão, estará aberta das 12h às 21h, com uma variedade de seis mil produtos.

Às 8h30 de ontem, quando as portas da loja Le Biscuit da Rua do Paraíso (Centro) foram abertas, dezenas de pais já aguardavam do lado de fora. “Eles chegaram cedo e essa hora (10h) já está esse pandemônio”, dizia o gerente Eyder Macedo, em meio ao barulho e ao empurra-empurra dos consumidores. A fila já ultrapassava a área reservada e invadia a seção de brinquedos. Uma olhada rápida nas cestas e carrinhos era suficiente para comprovar a conta do gerente: 80% das vendas eram de material escolar, chegando a 95% com os artigos de outras seções incluídos nas listas, como escova e pasta de dente, palito de picolé, lã, álcool e até papel higiênico.

“Nós normalmente não vendemos esses produtos, mas nesta época compramos para que os consumidores encontrem tudo no mesmo lugar, já que esse é o nosso lema”, frisou Macedo, observando que muitas escolas continuam incluindo na lista itens proibidos por lei. Papel higiênico, por e-xemplo. Por ficar no centro da cidade e atender a uma clientela mais popular, os produtos de menor preço eram os mais procurados na loja, ao contrário de outras onde os de marcas licenciadas eram os preferidos.

Quem se arriscou a levar os filhos teve que driblar dois problemas: o grande movimento nas lojas mais populares, que ofereciam melhores vantagens de pagamento, e a pressão dos filhos pelos produtos com as marcas da moda. Hello Kitty, Pucca, High School Musical, Hot Wells, Moranguinho, Barbie, Power Rangers, Jolie, Polly e Transformers eram os mais pedidos, a depender do sexo e da idade da criança. Para aumentar o apelo visual, as lojas trataram de espalhar material promocional com os personagens e arrumá-los separadamente.

“Eu não quero esse, quero Hello Kitty”, bradava a temperamental Katherine, 6 anos, diante de uma mãe arrependida de ter cedido à pressão e a levado para a escolha do material, nas Lojas Americanas do Iguatemi. “Bem que me avisaram que era melhor não trazer”, reconhecia Zilda Martins, mostrando que o caderno Biodiversidade, de 200 folhas e com capa dura, custava R$4,99, enquanto o similar da gatinha Hello Kitty custava R$12,99.

Enquanto a mãe tentava negociar com a filha, a representante comercial Idalina Costa, que acompanhava a cena, comentava: “Já passei por isso e aprendi a lição. Não trago nunca mais. Uma lista do ensino fundamental não sai por menos de R$100, se for tudo de marca passa de R$200”.
Fonte: Correio da Bahia

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